Desde a passada terça-feira, de manhã, que estivemos em Munique. Já descansados da longa viagem, começamos a pensar o que iríamos fazer pela manhã. Infelizmente ir deixar as mochilas ao apartamento estava fora de questão, visto que era demasiado cedo para a nossa anfitriã. Portanto o primeiro desafio foi onde colocar as malas, algo que devia ser relativamente simples mas acabou por demorar bem mais do que pensamos.
Tínhamos chegado à estação de Munique, e dirigimo-nos aos cacifos. Por 4 euros, poderíamos deixar a nossa mochila num cacifo durante 24 horas. Só tínhamos 5 euros no bolso em moedas, portanto colocamos a minha mochila num, e fomos tentar destrocar uma nota para colocar a outra noutro cacifo, já que as duas não cabiam num. Fomos a uma tabacaria, perguntamos se podiam destrocar. A senhora, muito friamente, diz que não, mas que há uma maquina ao lado dos cacifos para isso mesmo. Não tínhamos reparado, mas agradecemos e lá fomos tentar. “Aceita notas de 5 e 10”, lê-se na maquina. Coloco a nota de 5 euros que tinha, e é cuspida. Tento outra vez… Tento 10 vezes e nada. Raio da máquina não deve aceitar das notas novas! Uma senhora ainda se oferece a trocar a nota por uma de 10 euros das antigas, no entanto só temos mesmo aqueles cinco euros e uma nota de 20. Voltamos outra vez à tabacaria a ver se a senhora pode trocar aquela nota de cinco por uma antiga. Mais uma vez, responde friamente que não, e nem sequer vê se tem! Irritado, saco da nota de 20 e compro um pacote de pastilhas. E não é que ela nos dá o troco com uma nota das antigas? Enfim, lá conseguimos por a mochila no outro cacifo, e seguimos para o posto de turismo, que com isto já devia estar aberto.
Como só podíamos entrar à tarde no apartamento, aproveitamos a manhã para fazer o sightseen pela cidade. Deu para ter uma excelente perspectiva da cidade enquanto ouvimos histórias interessantes. Uma delas, que relata o quanto os alemães gostam e consomem cerveja, tem haver com um edifício que estava a arder. A população, a tentar auxiliar e salvar o local, tentou apagar as chamas com a cerveja!
Primeiro saímos no Palácio de Nymphenburg, onde aproveitamos para dar uma volta pelos seus gigantescos jardins.
Saímos, de seguida, no Parque Olímpico de Munique. Encontrava-se a decorrer um festival de Verão que enchia o parque de vida. Imensos locais de almoçar, petiscar, carroceis, actividades, etc. Aproveitamos para almoçar uma boa salsicha alemã numa rolote que lá estava.
Depois de um passeio pelo parque, encontramos um local onde podíamos fazer slide desde o topo do Estádio Olímpico, até à entrada principal. Tínhamos que experimentar! Mas infelizmente, por motivos de segurança, não tivemos maneira de fotografar nem filmar.
Como não podia deixar de ser, como tem sido tradição até agora, subimos à Torre Olímpica para apreciar a vista sobre Munique a 183 metros de altura.
Já estafados, acabamos a viagem no autocarro, fomos buscar as mochilas e seguimos directamente para o apartamento para jantar e dormir.
O dia seguinte foi dedicado à História recente, mais concretamente à 2ª Guerra Mundial. Apanhamos o comboio e fomos visitar o Campo de Concentração de Dachau. Este campo foi um dos primeiros na Alemanha, tendo iniciado a sua actividade em 1933, onde eram colocados os oponentes ideólogos de Hitler, numa fase inicial. Foi também utilizado como Campo modelo, de onde todos os outros campos iam buscar as ideias.
A entrada era feita pela mesma entrada em que os prisioneiros passavam. Esta foi uma exigência da Organização Internacional de Dachau que foi formada após a libertação dos prisioneiros, e que para além da abertura do Memorial do Campo, queria que a entrada fosse feita por ali, para os visitantes poderem seguir o percurso de um prisioneiro no campo – desde que entravam, até à sua “saída”, que muitas vezes era a cremação depois de mortos.
O campo de concentração é enorme, fiquei realmente surpreendido. Podemos visitar sítios como o Bunker, onde eram colocados alguns dos presos que cometiam piores “crimes”, ou alguns presos “especiais”. Ali havia uma cela especial, onde haviam uns cubículos com aproximadamente 80 centímetros, onde eram colocadas pessoas. O espaço era tão pequeno que não se conseguiam sentar, e eram ali deixadas durante 72h, numa tortura horrível.
No edifício principal, havia um museu que contava a história de alguns dos prisioneiros juntamente com a história do Campo e da II Grande Guerra. Aí podíamos visitar os chuveiros onde eles tomavam banho. Ao início era semanalmente, mas com o passar dos anos, e com a inevitável sobrelotação do espaço, era cada vez mais raro. Mas aqui não eram só banhos. Também era utilizado como local de tortura, onde os prisioneiros eram chicoteados e pendurados pelos braços, durante incontáveis horas. A foto abaixo mostra um dos instrumentos que era utilizado.
Os barracões onde estavam alojados os prisioneiros foram demolidos após a tomada do campo pelos Estados Unidos. No entanto, para o Memorial, foi delimitada a área de cada barracão e ao mesmo tempo, foram reconstruídos dois barracões, que fomos visitar.
No inicio, em ’33, cada camarata daria para aproximadamente 50 prisioneiros, onde cada um tinha a sua cama e uma cabeceira para colocar os pertences. Em 42’, já mais parecia uma capoeira, onde em cada camarata eram capazes de estar umas boas centenas de pessoas.
Para terminar a visita, visitamos o pavilhão de cremação e o chamado Pavilhão X – uma versão melhorada da pavilhão de cremação, onde já haviam as famosas câmaras de gás. Aparentemente, estas câmaras nunca chegaram a ser utilizadas para homicídios em massa, no entanto foram certamente “testadas”.
Esta é uma visita que recomendo a qualquer pessoa que passar por Munique. É gratuita, e por apenas 3,5 euros pode-se levar um guia áudio que tem Português e ajuda imenso a compreender a história do Campo.
Terminamos a visita e voltamos ao centro de Munique, onde fomos passear durante um bom bocado antes de voltar para casa.
O dia hoje foi aproveitado no Jardim Inglês, um dos maiores jardins urbanos no Mundo – bem maior que o Central Park, em Nova York. O parque tem vários canais onde é possível tomar banho e, inclusive, surfar. É verdade, o canal tem uma grande corrente que cria ondas artificiais, e é possível surfar nelas. É perfeitamente normal, também, ver várias cabecinhas de pessoas a passarem pelo canal a alta velocidade, a aproveitar a corrente como divertimento.
O tempo passou bem depressa, e estava na hora de apanhar o comboio para o nosso próximo destino: Praga. Estamos neste momento a caminho da capital da República Checa, onde deveremos chegar nas próximas horas. Agora é descansar para amanhã estarmos frescos para mais aventuras!