Iniciei ontem, dia 4, juntamente com a Patrícia e mais dois amigos, o Miguel e a Sofia, o nosso “Interrail” deste verão. Decidimos experimentar algo diferente e em vez de só utilizar comboios, vamos alugar um carro durante grande parte da viagem. Até dia 20 iremos passar pela Varsóvia na Polónia; Berlim na Alemanha; Copenhaga na Dinamarca; Gotemburgo e Estocolmo na Suécia; Oslo, Bergan, Stavanger e Kristiansand na Noruega.
Eram perto das cinco da tarde quando levantamos voo do Aeroporto de Lisboa, com um atraso de 30 minutos já bem típico da Ryanair. Aterramos já perto das 22h, com o atraso bem reduzido, pelo que conseguimos apanhar o autocarro a tempo. Afinal até estava tudo a correr bem!
A viagem de autocarro foram 45 minutos tranquilos, onde deu para ver algumas das zonas histórias da cidade durante a noite. Deu logo para perceber que esta cidade tem a sua mística e a sua beleza, o que aumentou ainda mais a vontade para a conhecer e a sensação que apenas um dia não é suficiente para conhecer tudo.
Chegamos ao apartamento que reservamos no Airbnb. A senhora que nos ia receber ainda não tinha dito nada, apesar de termos combinado que lá estaríamos perto das onze. Estranhamos o seu silencio, mas fomos até ao apartamento. Chegamos e nada. Um bloco de prédios, mas nenhuma senhora para nos receber. Tocamos à campainha. Nada. Entretanto, sai um casal do prédio pelo que aproveitamos e entramos para ir bater à porta do apartamento. Mais uma vez nada.
O tempo começa a passar e nós começamos a ficar um bocado preocupados. O Miguel tenta ligar à senhora que ora não atende, ora parece recusar as chamadas. Repetimos isto 30 vezes enquanto tento ligar para o número de apoio do AirBnb – que não foi fácil de encontrar. Ninguém atende. Já era meia noite e não tínhamos onde dormir.
“Ok, não há problema, amanhã tratamos de pedir o reembolso, vamos agora procurar um hostel para ficar”, pensamos todos. Abro a aplicação do Booking.com enquanto a Patrícia procura na internet. Acabamos por encontrar um hostel que era um apartamento, ou um apartamento que era um hostel – nem deu para perceber. Faço a reserva logo para garantir o último quarto, pago pelo telemóvel e decidimos ir até lá, mas o problema é que não temos uma morada exacta. Ok, vamos ligar e perguntamos…
Ligamos duas vezes, ninguém atende. O Miguel recebe um SMS: “o que se trata? mande mensagem”. Que raio, não atendem, pedem mensagem… “queriamos saber qual era a morada do apartamento que reservamos agora para irmos aí fazer o check-in”. Cinco minutos depois, cai outra mensagem: “check-ins é só até as 22h, não estou no escritório e não posso fazer nada”. Não é possível! Então aceitam reservas pelo Booking, mas depois não aceitam check-in?! “Contacte o apoio ao cliente do Booking para pedir o reembolso, não posso fazer nada”.
Já eram perto da uma da manhã, ficamos com mais dinheiro preso e novamente sem alojamento. Continuamos a procurar e a procurar, contactar hosteis. “Não, estamos cheios” ou “Não aceitamos check-ins a esta hora” era a resposta dos que ainda atendiam. Até que ligamos para um hostel, o DREAM Hostel, que consegue arranjar quatro camas numa camarata de 8 pessoas.
Neste preciso instante, aparece um casal de polacos. Uma rapariga agarra o seu amigo alcoolizado e vêm até nós. Perguntam-nos porque raio estamos no meio da rua cheio de mochilas e explicamos a situação. O rapaz alcoolizado rapidamente se oferece a ajudar para ligar a quem nos deixou no meio da rua para reclamar em polaco. A rapariga, mais sóbria, ofereceu-se para nos ajudar a arranjar alojamento. Explicamos que tínhamos acabado de encontrar um quarto e agradecemos muito pela ajuda.
Ainda eram precisos 45 minutos de caminhada até chegar ao hostel, que ficava no centro histórico da cidade. Decidimos pedir um Uber, que chegou prontamente. Depois de colocar todas as malas no carro e estarmos prontos a arrancar, o senhor olha para o meu telemóvel, olha para mim e diz “No, No, Not Madelene”. Pois, pelos vistos entramos no Uber errado – uma tal de Madelene decidiu chamar um Uber exactamente para o mesmo sítio. Ao sair do Uber estava o correcto a chegar. Fomos a viagem a rir do ocorrido, com o motorista a pensar que devíamos ser malucos.
Finalmente no hostel, fizemos o check-in, pagámos e fomos ao quarto deixar as coisas. Ainda não estavam lá os nosso colegas de quarto – apenas umas botas grandes que só podiam pertencer a um homem. Tudo guardado fomos finalmente jantar a carne assada que a Sofia trouxe.
Quando voltamos, fomos lavar os dentes e entretanto aparecem os nossos colegas de quarto. Um casal um pouco estranho que já vinham claramente tocados pelo álcool. Não se incomodaram muito por estarmos presentes, e continuaram a fazer o que fariam sozinhos. Nós riamos e comentávamos a situação caricata, sem tentar dar a perceber que estávamos a falar deles. Mas eventualmente eles saíram e não sei quando voltaram. Rezam as más línguas que foram para a casa de banho…
Acordamos cedo, pelas oito, para aproveitar ao máximo o pouco tempo que tínhamos na cidade – às 18h já tínhamos o comboio para Berlim. Começamos por seguir perto de casa, onde visitamos algumas igrejas e praças da zona histórica.
Nota-se bastante que é uma cidade reconstruída depois da guerra, com estradas e praças bem largas, bem pavimentadas, e edificios bem recuperados. Há momentos que parece que entramos dentro de filmes passados na II Guerra Mundial, como o “O Pianista”.
Almoçamos, junto ao rio Vístula, mais carne assada no pão, que soube mesmo bem! Seguimos, até que terminamos o nosso passeio em ciclo onde o começamos de manhã.
Continuamos a passear e vimos os Palácio da Presidêncial, o Palácio Real, outros vários edifícios governativos. Aí perto acabamos por comer um gelado.
Enquanto caminhávamos, vimos uma multidão junto a um hotel de luxo. Estranhamos tanta gente, maioritariamente raparigas jovens, e pensamos que se tratava de alguma vedeta local: ou um cantor qualquer ou algum participante do Secret Story deles. Mas afinal não: viemos a perceber que era Rihanna que ali estava alojada visto que hoje irá dar um concerto à noite, quando estávamos no Uber a caminho da estação de comboios para apanhar o comboio até Berlim.
Antes de apanharmos o comboio ainda aproveitamos para provar uma boa cerveja polaca a acompanhar uma batata assada com vários recheios: feijão, pimentos, manteiga, queijo, etc. Muito saboroso, e uma excelente forma de dizer adeus à cidade.
Chegamos à pouco a Berlim e amanhã de manhã já vamos explorar mais desta cidade alemã.